Onde levar as crianças?
Ao teatro.
Nas férias escolares, os pais ficam desesperados com os filhos em casa e ficam buscando alternativas: colônias de férias, atrações em parques e praças, qualquer encontro com amigo ou parente que possa ficar em casa uma tarde com o menor. E até teatro, se tiver.
Só que o teatro tem um problema: se a criança não está habituada a ir, pode ser mais difícil mantê-la calma do que ficar em casa. O hábito de ir ao teatro começa cedo e requer esforço dos pais pelo ano todo, como todo o processo educacional.
Terminadas as férias, as ofertas de espetáculo precisam estar no menu de possibilidades para as atividades do final de semana (e na escola). O hábito de ir ao teatro deve ser cultivado junto com a prática de contar histórias. Inventar personagens e relações, ou mais ainda, acreditar que todo esse impossível é real faz parte da rotina da criança. Ela ainda não tem a pressão da vida adulta pedindo pé no chão e praticidade.
Que a criança possa sempre estar em contato com o teatro, lugar onde humanos se transformam em bichos que falam, em árvores que andam e onde retalhos compõem os mais finos vestidos. Aliás, é vendo essas possibilidades que o pequeno aprende a perceber o que funciona e o que fica ruim em cena. O senso crítico se aprimora e, adaptando a máxima de Nelson Rodrigues: jovens, envelheçam e façam teatro.
É acreditando em mundos diferentes que a criança vai querer mudar o mundo em que ela vive.

Gustavo Burla
Professor, fazedor de teatro e de textos. Criador do Hupokhondría e leitor nas horas possíveis. Já esteve no Nepopó como jurado, diretor de espetáculo, plateia e consultor.