Por Gustavo Burla
A explicação mais teatral para a existência desta coluna no site do Nepopó é a vontade de
Dionísio. Foi ele que pavimentou as estradas que fizeram com que algumas situações tivessem o
timing perfeito de uma boa peça.
Quando o José Luiz Ribeiro procurava um ator para completar o elenco de A tempestade,
de Shakespeare, na comemoração dos 40 anos do Grupo Divulgação, conheceu o Marcus Martins
na mesma turma de outros dois alunos da Faculdade de Comunicação da UFJF que faziam parte do
grupo. Convidou, ele aceitou e participou da temporada com a mesma seriedade que todos os
componentes do grupo.
Anos depois, o Marcus estava no elenco de Alguma coisa você tem, cinco cenas que se
esbarram nessa primeira incursão mais longa em teatro do Hupokhondría. Já trocava figurinhas
sobre outros trabalhos feitos ali e foi natural que estivesse conosco, então e ainda.
Nem demorou a receber convite para outra participação em peça, mas não podia aceitar e
rebateu: “mas você não quer ser jurado no Nepopó?”. E assim fui parar em São João Nepomuceno
com pasta na mão e um cronograma de dezenas de peças para assistir e analisar.
Ano após ano, o Nepopó faz parte da minha agenda, como diretor, produtor ou público. Lá
conheci pessoas, teatros e troquei muitos abraços de oi e de até breve. E no impacto da morte do
Geraldo, enviei para o Marcus um texto que saiu sem dono, sem destino, sem lugar para morar.
Recebi como resposta: “estava pensando em você para escrever uma coluna no site do Nepopó,
posso começar com esse?”.
Começou e aqui estamos, com essa responsabilidade de conversar sobre teatro e afeto. Nem
sempre é fácil entender o que Dionísio propõe (além de falar grego, ele geralmente está bêbado),
mas ele costuma mandar bem.
* A estátua presente na foto desta coluna representa Dionísio, deus grego do vinho, das festas e do teatro. A obra está exposta no Museu Pio-Clementino, um dos museus do Vaticano, na Itália.
Gustavo Burla
Professor, fazedor de teatro e de textos. Criador do Hupokhondría e leitor nas horas possíveis. Já esteve no Nepopó como jurado, diretor de espetáculo, plateia e consultor.
